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BODONI E AS ARTES GRÁFICAS


O tipógrafo e impressor italiano Giambattista Bodoni (1740 – 1813), era filho de um impressor, que lhe transmitiu o gosto e a paixão pelas artes gráficas. Foi grande admirador de John Baskerville, impressor e designer de fontes (1707 – 1775). Foi tipógrafo do infante espanhol Filipe (1720 – 1765), Duque de Parma, e indicado por ele como diretor da Stamperia Reale, de sua cidade. O prédio onde a Stamperia Reale se localizava é hoje sede do Museu Bodoni, situado no edifício Palazzo della Pilotta, nas instalações da Biblioteca Palatina, em Parma. O tesouro do museu é composto por milhares de volumes, uma rica correspondência e diversos instrumentos tipográficos da Gráfica Bodoni. A coleção dedicada à história do livro, composta tanto por manuscritos como por edições impressas, constitui uma das secções mais prestigiadas do museu. Em 1782, foi nomeado tipógrafo da Corte, por Carlos III de Espanha. Em 1790, Filipe, Duque de Parma, autorizou-o a abrir a sua própria tipografia, a Tipi Bodoni. Em 1788, Giambattista Bodoni escreveu, desenhou e publicou uma das obras mais fascinantes de toda a história da tipografia: "Manuale tipográfico", contendo 291 alfabetos em várias línguas. Em 1798, criou a tipologia Bodoni Book, que provocou uma revolução na comunidade tipográfica da época e é usada até hoje. O seu desenho se caracterizava por um contraste muito acentuado em toda a silhueta entre as hastes, filetes e braços e com uns remates – serifas – muito finos. Para Bodoni, a beleza dos textos residia na letra e assentava em quatro virtudes fundamentais: regularidade, nitidez, bom gosto e graça. Bodoni morreu em Parma, na Itália, em 30 de novembro de 1813, aos 73 anos de idade.

João Scortecci

Museo Bodoniano

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“A LINE OF TYPE”, DE OTTMAR MERGENTHALER

A tipografia nasceu “em conflito”. Johannes  Gutenberg (Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, 1394/1404 - 1468), teve de enfrentar a ira dos copistas quando da invenção de sua “prensa” de tipos móveis. Coisas do demônio! Desse “conflito tecnológico” – e sem volta - nasceram os jornais, as revistas, possibilitando, consequentemente, a popularização dos livros. O primeiro jornal semanal foi o “Nieuwe Tijdinghen”, fundado na Antuérpia, Bélgica, em 1605. No Brasil - 200 anos depois - o primeiro jornal foi a “Gazeta do Rio de Janeiro”, que começou a circular em 10 de setembro de 1808, com o fim do embargo pela Coroa portuguesa, que, até então, proibia a existência, na Colônia, de imprensa, indústrias, bibliotecas e universidades. Há, no entanto, quem afirme que o primeiro jornal do País foi o “Correio Braziliense”, impresso em Londres, Inglaterra, pelo jornalista, maçom e diplomata Hipólito da Costa (Hipólito José da Costa, 1774 - 1823) e distribuído no Brasil a partir de 1º. de junho de 1808. A primeira revista brasileira, "As Variedades ou Ensaios de Literatura", foi lançada em 1812, em Salvador/BA, pelo livreiro, editor e tipógrafo português, Manoel Antonio da Silva Serva, e durou não mais que dois números. A arte da tipografia tornou-se um ofício nobre, com privilégios para poucos. Da invenção de Gutenberg até à Revolução Industrial, os métodos de trabalho pouco evoluíram. Até 1814, quando foi inventada a máquina de impressão cilíndrica, o trabalho tipográfico tinha sido manual, quer na composição, quer na impressão. À invenção da máquina cilíndrica seguiu-se, passadas três décadas, a da impressora rotativa, que veio dar um significativo incremento à impressão de livros, jornais, revistas e outros impressos. Mas, se o problema da impressão estava, em parte, resolvido, a composição continuava a ser morosa e trabalhosa. Era urgente a necessidade de se inventar uma máquina que substituísse o grande número de trabalhadores até então mobilizados para a composição. Coube ao imigrante alemão, Ottmar Mergenthaler (1854 - 1899), de Baltimore, EUA, proprietário do “New York Tribune”, a invenção - considerada a oitava maravilha do mundo - da máquina de composição de tipos de chumbo. Em 1884, Mergenthaler apresentou ao mundo gráfico a sua incrível “Linotype”, equipada com chumbo em ponto líquido, capaz de compor uma linha inteira de texto com um simples toque no seu teclado. Com essa mecanização, a produtividade do processo de composição octuplicou, equivalendo ao trabalho de oito compositores manuais. Ao ver sua engenhoca funcionando, Mergenthaler exclamou: “A line of type!”. 

João Scortecci

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LITOGRAFIA - A ARTE QUÍMICA DE ESCREVER NA PEDRA

“Lithos”, em grego, significa “pedra”, e “graphein”, ”escrever”. Foi o ator e dramaturgo austro-alemão, Alois Senefelder (Johann Alois Senefelder, 1771-1834), quem inventou, em 1798, a impressão litográfica, conhecida também como impressão química. Essa técnica de impressão utiliza uma pedra de calcário, de grão muito fino, plana e polida e se baseia na repulsão (forças que se repelem mutuamente) entre a água e substâncias gordurosas.
Na obra “Vollstandiges Lehrbuch der Steindruckery” (“Curso Completo de Litografia”), de 1818, Senefelder contou o seu segredo, que, em resumo, consistia no seguinte: as pedras de calcário eram desenhadas ou escritas com uma tinta pastosa, composta por cera, sabão e negro de fumo e gravadas com a aplicação de uma solução de goma arábica e ácido nítrico, que atacava apenas as zonas a descoberto.
Desse modo, obtinha-se um suave alto relevo, uma matriz positiva. Ao contrário das outras técnicas de gravura – como as usadas na xilogravura e na gravura em metal -, a litografia é planográfica, ou seja, o desenho é feito por meio da aplicação da gordura sobre a superfície da matriz. A impressão da imagem é obtida por meio de uma prensa litográfica que desliza sobre o papel. A litografia foi usada extensivamente no início do século XIX na impressão de documentos, rótulos, cartazes, mapas, jornais e possibilita, ainda, impressão com qualidade nos substratos: plástico, madeira e tecido, além do papel. Outra vantagem técnica é o reaproveitamento das pedras de calcário, que podem ser novamente polidas e reutilizadas como matriz.
O tratado publicado por Alois Senefelder está dividido em duas partes: a primeira é uma história da invenção e seus diferentes processos, e a segunda contém instruções práticas para a sua aplicação nas artes gráficas. Essa obra teve grande repercussão na Europa, especialmente na Inglaterra. A litografia é um processo de impressão antigo. Hoje é utilizado apenas em trabalhos com fins artísticos.

João Scortecci


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ROTATIVA GOSS DO JORNAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Impressora Rotativa, marca Goss, do Jornal “Diário do Comércio” das Associações Comerciais do Estado de São Paulo. O jornal circulou na sua versão impressa de 1924 até 1º de novembro de 2014. Hoje o Jornal circula apenas na versão eletrônica.

A ACSP - Associação Comercial de São Paulo, a Abigraf - Associação Brasileira da Indústria Gráfica e o SENAI/SP, estudam transformar o espaço, no bairro da Liberdade, São Paulo, num centro cultural da memória gráfica do jornal “Diário do Comércio” e num espaço inteligente para formação e desenvolvimento profissional do pequeno e médio empresário paulista.

A Associação Comercial de São Paulo é uma entidade paulistana de classe fundada em 7 de dezembro de 1894 com a denominação de Associação Comercial e Agrícola de São Paulo por Antônio Proost Rodovalho. Os sócios da entidade são empresários representantes de diversos setores da economia da cidade que podem utilizar os serviços fornecidos pela entidade e também utilizar a influência política para defender seus interesses.

Foto: Alexandre Ortiz, Superintendente da Distrital Centro da ACSP, Soira Celestino, João Scortecci, Presidente da Abigraf, Regional São Paulo e Rogério Camilo, Gerente Executivo da Abigraf.



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PRELO ALAUZET DE 1869

Equipamento gráfico hoje no "Pouso da Typographia" (Praça Gomes Freire, 220 - Centro), na cidade de Mariana/MG, pertenceu a “Tipografia Morais”, do empresário gráfico Joaquim Afonso Rodrigues de Moraes.

Destaque para o prelo - marca Alauzet - de origem francesa, do século XIX, responsável pela impressão da "Folhinha Civil e Eclesiástica do Arcebispado de Mariana”, número 1, no ano da graça de 1869.

Folhinha Eclesiástica da Arquidiocese de Mariana, ou simplesmente Folhinha de Mariana, foi criada em 1869 por padres católicos como sucessora da Folhinha de Rezas do Bispado de Mariana de 1830.

Desde então, a Folhinha foi publicada todos os anos, sem nenhuma interrupção. Atualmente, são impressos e vendidos mais de 350 mil exemplares.

Diferentemente, porém, dos calendários convencionais, que mostram, normalmente, os dias do ano, os feriados nacionais e fases da Lua, a Folhinha de Mariana traz ainda orações, instruções religiosas, tabela do amanhecer e do anoitecer, datas das festas, dias de penitência, todos os santos católicos, horóscopo, feriados, época de plantio, resoluções do Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e dados biográficos do Papa católico. 

Fotos: Alexandre Maltez.








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GRÁFICA GUTENBERG E JORNAL "A VERDADE"

Gráfica Gutenberg, do Jornal “A Verdade”, de propriedade do Comendador Ananias Arruda, Baturité/CE, fundada em 1917.

Em Junho de 1981, a Fundação Comendador Ananias Arruda, cria o Museu Comendador Ananias Arruda, com a finalidade de preservar a memória do Comendador e retratar através de seu acervo a história de Baturité.

O local foi residência do homem que ficou conhecido como o grande benfeitor de Baturité, visionário o Comendador viabilizou a instalação de várias obras sociais, religiosas e empreedimentos como o JORNAL A VERDADE, na cidade, além de sua atuação no cenário político de Baturité, exerceu o cargo de prefeito.

Sua fé o levou a receber as Comendas da Santa Sé, da Ordem de São Silvestre e da Ordem de São Gregório Magno, honraria outorgada pelo Papa PIO XII. Seu acervo é composto por objetos pessoais, bem como documentos e elementos importantes que contam a história de Baturité.

Na foto: Comendador Ananias Arruda (lendo um exemplar impresso do jornal), os tipógrafos João Ferreira Silva, João Ferreira Filho e Francisco Xavier de Souza e o impressor Francisco Assis Xavier. Ano de 1942.
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IMPRESSÃO OFFSET – QUANDO O ACASO INVENTA ENGENHOCAS

A lista de invenções – frutos do acaso – é grande. Acidentes acontecem! Descuidos, enganos e movimentos não planejados acabam – vez por outra – revelando ideias incríveis, que proporcionaram grandes descobertas para a humanidade. A lista é imensa. Alguns exemplos: borracha vulcanizada, insulina, cookies de chocolate, Super Bonder, Raio X, LSD, penicilina, Teflon, Viagra, picolé, Sacarina, Velcro, Coca-Cola, micro-ondas, vidro blindado, vaselina, palito de fósforo, batata chips, dinamite, marca-passo, filme plástico e, no mundo gráfico, impressora offset. Esta descoberta – ao acaso – coube ao empresário norte-americano Ira Washington Rubel (1860 – 1908), proprietário da fabricante de papel Ira Washington Rubel, de Nutley, New Jersey, USA. Entre os anos de 1903 e 1904, a empresa desenvolveu o primeiro sistema offset litográfico para impressão em papel. A inspiração foi um acidente de “esquecimento”. Ao operar sua impressora litográfica, Ira Rubel percebeu que, se não inserisse o papel na máquina, a placa de pedra acabava transferindo a imagem para o cilindro de impressão de borracha. Quando, então, colocava o papel na máquina, a imagem era impressa dos dois lados do papel: uma imagem era obtida da placa de pedra, e outra, do cilindro de impressão de borracha. Percebeu, ainda, que a imagem impressa pelo lado da borracha – macia e de boa qualidade – era muito mais nítida. A primeira impressora offset – de impressão indireta com base em cobertura de borracha – criada por Ira Rubel foi operada durante um ano, quando, então, foi vendida para a Union Lithographic Company, por 5 mil dólares. O equipamento entrou em operação somente no ano de 1907, depois de ter sobrevivido a um terremoto em São Francisco, em 1906, e, também, a um incêndio nas proximidades do cais de Oakland, em 1907. Já disse: acidentes acontecem! A engenhoca criada por Ira Rubel possibilitava imprimir três mil cópias em uma hora, superando tudo o que, até então, existia nas artes gráficas. Em menos de 50 anos, a impressão offset substituiu as tecnologias de impressão tipográfica e se tornou o processo de impressão mais comum em todo o mundo. A impressora offset original de Ira Washington Rubel está preservada no Smithsonian Institution – maior complexo de museus, educação e pesquisa do mundo – em Washington, DC.


João Scortecci
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